24 de março de 2012

O meu manifesto da arte

Sei lá. Talvez eu devesse fazer um desabafo. Preencher esse papel branco com frases vazias, e ao mesmo tempo retratar o nada que é criado pouco a pouco dentro de mim. Outro dia mesmo era diferente. Não lembro quando, mas era. Um passado, desses longínquos, ilustra a minha mente de uma maneira que tudo parecesse melhor. Acho que, na verdade, qualquer coisa poderia ser. Crio meus próprios inimigos, em um jogo de interpretações equivocadas, exageros de situações e infantilidade que nunca some de mim. Talvez seja até bom. Dizem que assim a gente fica mais forte. O problema é que podia ser mais simples. Seria bom se o mundo fosse um balão, que ao esvaziar-se, voaria com suavidade por aí, até cair e alguém enchê-lo novamente. Algo colorido, refletindo o mesmo laranja do sol.  

Poesias poderiam ser escritas no chão, cantores falarem cantando e artistas pintarem o mundo, retratando a incógnita do infinito. Seres humanos seriam tão livres quanto leopardos selvagens. A liberdade viria de dentro, em uma enxurrada de amor, no ato de deitar na grama contemplando o céu estrelado. Crianças se reuniriam ao redor de uma fogueira, comendo marshmallow e contando histórias de terror. O mistério se concentraria na ficção. Os clássicos seriam recheados de magia, em uma overdose de Harry Potter, Narnia, Alice no país das maravilhas e Artemis Fowl. Homens se inspirariam em fábulas com humanos gentis, honestos e com um bom coração.

Assino, pois, o manifesto da arte. Desejo um mundo repleto da mágica do cinema. Da pintura em qualquer superfície, até mesmo nos mares. Da literatura falada, ouvida e escrita. Da música saindo de altos falantes em todas as esquinas. De esculturas feitas de tudo, como o fogo e a luz. Câmeras filmariam performances, não crimes. E a cadeia seria formada por mímicos, que aprisionariam a si mesmos em uma parede invisível. O mundo seria, portanto, um balão pronto para encher-se cada vez mais de tudo o que é bom. E depois explodir, distribuindo tudo para todos, em uma comunhão de arte e felicidade.

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